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Limites da Razão

“ mais do que uma poesia confessional, o que encontramos em Limites da Razão é uma autêntica súmula do que Adelaide Graça considerará serem os aspectos fundamentais da nossa condição humana. (…)

A ler com um olhar tão claro como a água”

Rui Zink

“ Onde nos leva a deambular pelo universo em busca, porventura, do nosso próprio universo … (…) porque o futuro de cada momento é a razão de cada instante da vida. A razão sem limites der cada um de nós.”

Fernando Soares

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Conheça o autor

"Recolhia-se a tarde, numa aleluia de Páscoa, quando o meu primeiro grito de vida se anunciou na simpática aldeia de Campos, bem perto da Galiza, banhada pelo cantábrico Minho, em vila Nova de Cerveira. Corria o ano 52 e o dia era o sexto do mês de Abril. Adelaide Graça, de Maria Adelaide Gonçalves Graça, é o meu nome de combate. Acompanha-me sempre. Comigo se sentou nas carteiras da Escola Primária de Campos e depois nos bancos da continuada formação académica: Colégio de Valença, Liceu Nacional de Viana do Castelo e Escola Secundária em Viana do Castelo, onde concluí o 12º ano. O gosto pela leitura e pela escrita revelou-se-me cedo. A biblioteca era a itenerante; a escrita fazia-se nas muitas cartas que escrevia. Tinha sempre a quem escrever. Na idade adolescente emergiram os primeiros gritos poéticos. Desabafos inocentes. Mas, eram gritos. Na clandestinidade duma educação colegial, uma parte do meu jeito de escrever era aproveitado para dar resposta a cartas de amor que algumas colegas recebiam. Os meus anos de criança e de juventude foram pautados pela amenidade dos tempos. Correrias, as de brincar. Sempre rodeada de amigos, as férias gozava-as na beirada do rio, em caminhadas pelos montes, em piqueniques, pelas festas e bailes da paróquia mais os que se inventavam… Entretanto, os poemas aconteciam à medida do crescimento. Guardava-os na gaveta. A gaveta dos afectos. E o meu nome acompanhava-me no sonho de um dia ter um livro publicado. E acompanhou-me como colaboradora em programas culturais e de entretenimento na Rádio Clube de Cerveira, na Festa da Cultura dos Trabalhadores dos CTT/1992, em Viana do Castelo, como membro da Direcção do CDCR (Centro de Desporto, Cultura e Recreio) do pessoal dos CTT., como membro da comissão do 7º Convívio DRTN (Direcção Regional de Telecomunicações do Norte) 1987, em Viana do Castelo. E, como também me faço acompanhar pela naturalidade das coisas, no decorrer da minha caminhada quase transbordou a minha gaveta dos afectos: fui Mãe. Três vezes Mãe. Em 1998 retirei da gaveta os primeiros poemas e, mais uma vez, o meu nome me acompanhou na conversão do sonho em realidade: “Limites da Razão” - Edições APPACDM / Distrital de Braga. Três edições. E… Em 2000 “Quando Parece Parar” – APPACDM. Em 2002 “No Vão da Ausência” – APPACDM. Em 2005 “ Sem Chaves nem Segredos” – SeteCaminhos O meu nome está presente nos Cadernos Vianenses, edições da Câmara Municipal de Viana do Castelo: - Tomo 29, em “A poesia Vianense após 1974” / 2000 - Tomo 30 em “Antologia dos poetas vianenses” e em “Para uma identificação da poesia regional vianense” /2001 - Tomo 31 “Ao teu encontro na poesia das montanhas” (poesia) /2001. Colaboro com alguns jornais e revistas regionais, sou sócia da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Alto Minho e da APE (Associação Portuguesa de Escritores Adelaide Graça"
Autor:

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ISBN

972-8424-20-5

Prefácio:

Prefácio

UM HINO AO AMOR
OU O ENIGMA DO SONHO
NA POESIA DE ADELAIDE GRAÇA

“enquanto no olhar houver amor”.

É assim, com este olhar, que Adelaide Graça nos oferece neste seu livro Limites da Razão uma mão cheia de poemas de puro e cristalino lirismo, de uma ternura inesgotável, pleno de imagens e sentido, um discurso doce, terno, onde o Amor e o sofrimento, em perfeita simbiose, lideram todo o percurso poético. Certamente esta viagem sempre apetecível nas veias de uma profunda sensibilidade. E por aqui, pedaços de uma vida inter-activa e plural, a resvalar pelos limites do indiscreto e do acessível, dado assentar nas harpas de uma peculiar maneira de cantar. Um cantar sempre melodioso9 e ritmado, embalado pelo húmus de um silêncio cúmplice e solidário. “Um abraço / veículo de mensagens / sem palavras”.

Por isso e para isso importa, antes de tudo, atestar o seguinte:

A elaboração de um texto poético emite, não raro, o que de mais profundo existe na interioridade do seu autor. Assim se desenrolam, nos elementos expostos em cada verso, estados de alma que a própria alma enigmaticamente sempre revelou. “É neste canto que bebo / a magia da vida”. Porquanto a fuga dos sentimentos, certamente até os mais ocultos, encontra na poesia irremediavelmente um lugar de eleição. Um lugar quase que sagrado, e por isso secreto, que a memória, no tempo, há-de fixar. E devemos convir que o amor – e aqui há um hino ao amor – encontra lugar privilegiado na “magia da vida”.

Nesta linha de conta, pode-se afirmar nada haver de encoberto na poesia de Adelaide Graça que a sua alma o não revele. Está aqui, pois, traçada a marca que define o seu perfil ao nível da escrita. Quando menos se espera, e numa leitura atentas, aí se desvenda o indesvendável. Ou por outra: é na poesia que a poetisa se retrata, inevitavelmente. E fá-lo tão misteriosamente que nem dá por isso. Como assim é, o segredo está em saber transmitir, com arte, esta revelação. “Que a minha boca seja / o eterno sorriso”.

Ora com um sorriso, ora com uma lágrima – irmãos gémeos desta escrita – Adelaide Graça «transportando bagagens de esperança» prima por uma linguagem poética onde são patentes os verbos ESTAR e SENTIR numa salutar convivência com as pessoas e coisas.

Num ou noutro texto poder-se-á pensar que a autora, em momentos de alguma solidão, aquela solidão feita de silêncios de ela, para o reencontro consigo própria tanto necessita, assume uma forte dose de pessimismo. Pelo contrário! É aí mesmo que Adelaide Graça levanta o vértice da sua alegria. É, com certeza, por esse enigma de sonho e magia onde ela – poetisa – agita os «Limites da Razão» e, quiçá, atinge uma dimensão ética no desejo de “entrar nesta solidão / para sorrir”. E, nesta sequência, um pouco mais adiante diz: “A solidão / onde o sol brilha”.

Enfim, um rol inspirador e rico de emoções vividas ao ritmo de acontecimentos excepcionais, às vezes de uma excentricidade exuberante, alguns apaixonados instantes da vida que se vai transfigurando em versos que as autora procura, com a bandeja misteriosa da arte, partilhar connosco.

Álvaro de Oliveira

Excertos

O AMOR NO TEMPO

Nunca o tempo apaga
as marcas que o mar vincou
nas rochas da praia amena,
sob um Sol quente dum
amor que eu e tu fizemos,
salpicado de sal, em espuma
matizada, de aventura …
E esse Sol medonho,
que nos faz derreter em
seiva suada
vai sedutor, para lá do mar
despertar corpos ainda
abraçados por uma noite
de amor, que eu e tu
vamos agora começar
sob as estrelas cadentes
que o tempo nunca
há-de apagar …

HARMONIA

Quando o Sol rasgou a penumbra
do teu olhar
os olhos sorriram
o peito ficou a escaldar.
E eu senti a força dos teus braços
quando cercaram o meu corpo.

As nuvens passaram para além
do horizonte.
Os pássaros voltaram a cantar
A lareira crepitou.
E as crianças fizeram uma roda.
Houve Natal!
Porque o Sol rasgou a penumbra
do teu olhar.

AMAR NO SILÊNCIO

É no silêncio
que ouço os teus passos
de encontro aos meus
abafados por um abraço
de desespero e amor.
É no silêncio
que o amor é mais belo
mais sentido
mais falado.
E porque te amo
eu fico abraçada
no silêncio da noite
a um amor
que não sei se é sonho
ou realidade
se mistura de feitiço
ou sentimento
rede de pescador lançada ao mar
em noite de luar.
É no silêncio
que as lágrimas brilham mais
tais gotas de orvalho
nos olhos da Natureza.
´~E no silêncio
que mais tremo
de amor por ti
tremo de medo do amanhã.
O amanhã sem silêncio
para se poder amar
ainda mais.

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