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Aprendiz de Ventos

Este livro, que abre com a expressão “O livro está morto!…/… O livro nunca esteve tão vivo!” pertence à Colecção Nus, com concepção de Ex-Ricardo de Pinho Teixeira, design de Paulo Cruz e fotografia de Ricardo Silva, não apresentando qualquer dedicatória nem prefácio.

“Natural de Viana do Castelo, residente há três no concelho gaiense e com apenas 20 anos de idade, Alexandra Costa acaba de entrar para o espólio nacional da literatura portuguesa. Aprendiz de Ventos é o título da obra editada pela Corpos Editora e que reúne 30 poemas, escritos e inspirados enquanto estada e viaja entra as duas cidades do coração” (Viana do Castelo e Vila Nova de Gaia), com excepção de dois poemas compostos na Foz do Arelho.

A poetisa, na apresentação do livro no ISLA, referiu: «Tinha os poemas escritos e não tinha um título para a obra. Como sou uma aprendiz, escolhi como título “Aprendiz de Ventos”».

A poesia de Alexandra Moreira da Costa dá frequente e particular atenção ao quotidiano como lugar de objectos e pessoas, de passagem e permanência (cf. “Fado a Viana”, “Cheiro Vianense”), de ligação entre um tempo histórico e individual (cf. “Tempo”, “Mudança de Hora”, “Dia Seguinte”). É uma poesia de pendor confessional (cf. “Vento”, “Brisa de Outono”, “O que não sinto”, “Sou Eu”), marcada pela melancolia, oscilando entre o excesso da experiência emocional e física e uma melancolia desolada e solitária (cf. “Manhãs”, “Abraçada pela morte”, “Revolta”), ora exaltando uma paixão pura e saudável (cf. “À luz da Ericeira”, “A Lagoa”, “ser”, “Receita para Amar”) ora clamando uma paixão urgente e dolorosa (cf. “Sonho com Eros”, “S’ayapo”, “Sobrevivência”, “Fazes-me falta”, “Passos”, “Fingimentos”) . Por esta concepção de poesia ressoa também um grito da fragilidade extrema e irredutível do ser humano, do seu desamparo infinito, da sua revolta e da sua esperança (“cf. “FRASES SOLTAS”), reflectindo muito daquilo que encontramos em Al Berto (cf.”Al Berto”). Nesta obra, podemos ainda encontrar as seguintes linhas temáticas: – concepção poesia/poeta (cf.”Linhas”); – tentativa de definição de vida (cf. “Vida”).

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Conheça o autor

"Alexandra Moreira da Costa nasceu em Outubro de 1984, em Viana do Castelo. Licenciou-se em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA) de Vila Nova de Gaia em 2006. Em Outubro de 2004, com 20 anos, publicou o seu primeiro livro “Aprendiz de Ventos”, uma obra poética que contém 30 textos seleccionados do percurso da sua escrita entre os 15 e os 19 anos. Os seus poemas incluem vivências, sentidos, emoções tendo sempre, por trás, a inspiração do deus grego do amor, Eros. Sofre ainda influências de poetas portugueses, sendo alguns dos mais importantes José Carlos Ary dos Santos, Manuel Alegre e Al Berto, a quem dedica uma das suas composições. “Aprendiz de Ventos” é uma edição da colecção “Nus” da Corpos Editora, sendo a fotografia da capa da autoria de Ricardo Silva. Alexandra tem, ainda no seu currículo, duas exposições de fotografia e participação jornalística em alguns jornais como “Notícias de Gaia” e “O Vianense”."
Autor:

Editora:

Data de Edição:

Local de Edição:

ISBN

972-8751-72-9

Excertos

Linhas…

Cada linha é um destino… chamado vida,
Cada palavra uma aventura,
E cada frase uma história.
Não temo que a linha acabe,
Temo não escrever muitas letras,
E temo ainda mais não construir a minha frase…
Sinto o peso do que escrevo.
Sofro com a mesma dor de uma frase incompleta.
Amo com a mesma força com que seguro esta caneta.
Vivo com a mesma paixão com que conto a minha história.
Vejo o mundo através dos olhos do Poeta…

Comboio Porto-Viana

Sonho com Eros

Sonho com Eros
De dia, de noite,
Acordada…nunca durmo!
Seu nome é mais doce do que mel
Suas palavras mais acres do que fel…
Sonho com Eros
Linhas…

Cada linha é um destino… chamado vida,
Cada palavra uma aventura,
E cada frase uma história.
Não temo que a linha acabe,
Temo não escrever muitas letras,
E temo ainda mais não construir a minha frase…
Sinto o peso do que escrevo.
Sofro com a mesma dor de uma frase incompleta.
Amo com a mesma força com que seguro esta caneta.
Vivo com a mesma paixão com que conto a minha história.
Vejo o mundo através dos olhos do Poeta…

Comboio Porto-Viana

Vida:

Uma pessoa,
Um personagem,
Uma realidade,
Uma ficção,
Um percurso,
Um caminho,
Uma terra,
Uma razão,
Um objectivo,
Um motivo,
Um pensamento,
Um destino,
Uma fé,
Uma mentira,
Uma guerra,
Um amor,
Uma dor,
Uma história,
Uma morte,
Um fim…

Trofa

Brisa de Outono

Percorro um verde denso.
Raios de luz rasgam o céu,
Cegam os olhos de quem perdeu o rumo.
Sem destino ando, vagueio…
Por entre uma imensidão de pensamentos corro,
Procuro-me,
Não me encontro,
Não me quero encontrar!
Calma… intempestiva…
Fria como gelo… morna e suave…
Constante e sem destino…
Sou eu:
A filha da brisa de Outono!

Vila Nova de Gaia

À luz da Ericeira

Vi o seu rosto à luz da Ericeira
Olhei os seus olhos pela primeira vez,
Eram calmos e serenos
Tal como o mar naquele dia…
Não eram azuis como o oceano
Mas tinham o mesmo brilho,
O mesmo encanto,
A mesma frescura e meiguice
Que me deslumbrou,
Me cativou
E me apaixonou…

Foz do Arelho

FRASES SOLTAS

Lua crescente que não cresce,
Apaga-se quando passo.
Só janelas com luz me iluminam o caminho.
Passos soltos sem destino,
Estou atenta mas tropeço.
Com labaredas debaixo do meu chão
Deambulo nesta vil embriaguez… a vida!

Do vento frio que me abafa,
Palavras que espero mas que não chegam…

Porto

Receita para Amar

Primeiro é o beijo:
Os lábios tocam-se
E as línguas descobrem-se…
Seguem-se as mãos
Leves ou brutais
(mas nunca impessoais),
Que percorrem toda a nossa existência.
Despertam afectos, aromas e sentidos
Que se julgavam perdidos,
Esquecidos ou até nunca aprendidos…
Explodem o prazer e a loucura
(não esquecendo a ternura).
Dá-se a fusão de dois corpos carentes de paixão
Que amarão até à exaustão…

Vila Nova de Gaia

Revolta

Sinto revolta
Trespassa-me como espadas
Cavaleiros ardentes,
Cheios de fúria e fervor!
Percorre-me…
Enterram bem fundo
Suas patas com espinhos,
Pregos bem finos
Que furam até à dor!
Sinto revolta
Por nada fazer,
Guardo esta angústia,
Mal a posso manter!
Facas! Punhais!
Cristais! Vidros raros!
Que cortam e furam
Estilhaçam e não param!
O sangue das veias
Jorra como um rio
E por vezes, até,
Estou morta, sinto frio…

Portuzelo, Viana do Castelo

Fado a Viana

Da estação te contemplo, Viana a bela
Olho-te da torre do teu castelo, princesa
Pela Bandeira passeio na tua história…
De noite Luzia olha por ti,
E de manhã sentes a brisa dos pinheiros.
Banhas-te no Lima que acolhes
E corres para o mar que te beija.
Na doca cantas com gaivotas,
Na praça danças com pombos.
És a cor viva do vira, Viana a bela
Verde cidade que os meus olhos reflectem…

Viana do Castelo

Al Berto:

Foste tu,
Foste feliz, eu sei.
Morreste só,
Como eu morrerei.
Viveste no meio dos teus papéis,
Que li e nos quais me inspiro
Dia após dia,
Nos teus livros,
Me deixaste a tua herança,
Tal como tu,
Deixarei a minha ao mundo.
Morrerei cedo, como tu Al Berto
Gozarei a vida “até ao vómito”, sim
Viverei o extremo, os limites
Serei feliz.
Quero a alegria, o prazer.
Quero viver
Simplesmente…

Vila Nova de Gaia

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