Lourenço Alves

Reflexões sobre a Vida

“Reflexões sobre a vida” é uma colectânea de textos de natureza variada, produzidos por Lourenço Alves para serem publicados em diversos jornais ou que foram lidos aos microfones da imprensa radiofónica regional, durante vários anos ou até mesmo décadas. A dispersão temporal com que os mesmos foram produzidos justifica não só a variedade temática como a aparente falta de lógica sequencial dos diversos textos. No entanto, a riqueza conteudística de cada um, quer a nível de ensinamentos, quer pela reflexão que propicia ao leitor, fazem da leitura da obra, no seu conjunto, um manancial de cultura, de informação e de meditação e diluem qualquer ponto mais dissonante que possa ser detectado. São de citar, sobretudo, as temáticas de natureza histórica, social e religiosa, não só pela sua predominância ao longo do extenso livro, mas principalmente pela profundidade e rigor com que são abordadas. Segue-se a listagem dos temas patentes na obra: – DE HOMEM PARA HOMEM- O Descanso – TEMAS DE REFLEXÃO – As alminhas – MONOGRAFIAS – SANTO ANTÓNIO – Semente de Compreensão e Elo de Fraternidade Universal – TEMAS DE REFLEXÃO – Efemérides – ENTRE A APARÊNCIA E A REALIDADE – O Amor – ENTRE A APARÊNCIA E A REALIDADE II – O sol – 16/11/1989 – DE HOMEM PARA HOMEM – Reflexão sobre a vida – OS PAÇOS DE CAMINHA – O PORTINHO DA VINHA DA AREOSA – HISTÓRIA VIVA – Efemérides – P.e António Vieira – TEMAS DE REFLEXÃO – O livro – TEMAS DE REFLEXÃO – Livros grandes e livros pequenos – TEMAS DE REFLEXÃO – O rosto – ENTRE A APARÊNCIA E A REALIDADE – Efemérides – TEMAS DE REFLEXÃO – A Semana Santa no Soajo – TEMAS DE REFLEXÃO – Sábado Aleluia! – TEMAS DE REFLEXÃO – O Exército da Justiça – TEMAS DE REFLEXÃO – A Sede de Felicidade – DE HOMEM PARA HOMEM – Reflexão sobre a Vida – TEMAS DE REFLEXÃO – Defesa do Património Histórico e Cultural – TEMAS DE REFLEXÃO – Visita de João Paulo II a Portugal – DE HOMEM PARA HOMEM – Sou uma pedra – TEMAS DE REFLEXÃO – Os direitos dos trabalhadores – DE HOMEM PARA HOMEM – reflexão sobre a vida – DE HOMEM PARA HOMEM – Um paraíso para todos – TEMAS DE REFLEXÃO – O Culto da Virgem na Tradição Popular – TEMAS DE REFLEXÃO – Património – TEMAS DE REFLEXÃO – Alto Minho Monumental e Artístico – DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL – Arquivos do Alto Minho – PETRÓGLIFOS – Tipologia e significado – TEMAS DE REFLEXÃO – O terreiro de Caminha – PEREGRINAÇÕES – Uma peregrinação ao Sameiro – O CONVENTO DE CABANAS – Afife – PALEOLÍTICO NA RIBEIRA LIMA – AS “PEDRAS DE RAIO” – DEFESA DOS TÚMULOS MEGALÍTICOS – MAIS GRAVURAS RUPESTRES – INFLUÊNCIAS CASTREJAS – as Brandas – INFLUÊNCIAS CASTREJAS – As Brandas (2) – VIDA ATRIBULADA DE UMA ARA ROMANA – PELOS ARQUIVOS PAROQUIAIS – HISTÓRIA DE UM DÓLMEN – OS ARCOS DE CAMINHA – ENTRE A APARÊNCIA E A REALIDADE – O culto dos mortos – PEDRAS MEMORIAIS DE CAMINHA – ENTRE A APARÊNCIA E A REALIDADE – Uma confraria das almas no Concelho de Caminha-Gondar – O TERREIRO DE CAMINHA – TEMAS DE REFLEXÃO – Ovos de Páscoa – TEMAS DE REFLEXÃO – As Maias ou os Maios – HISTÓRIA VIVA – A feira de Caminha – A FEIRA DE CAMINHA (2) – ENTRE A APARÊNCIA E A REALIDADE – Árvore de Jessé da Matriz de Caminha – AS PEREGRINAÇÕES – AS PEREGRINAÇÕES À TERRA SANTA – A CIDADE MAIS ESTRANHA DO MUNDO É JERUSALÉM – MANUSCRITOS DO MAR MORTO – TEMAS DE REFLEXÃO – A Jugoslávia – PEREGRINAÇÕES A ROMA – PEREGRINAÇÕES NA IDADE MÉDIA A ROMA – A BIBLIOTECA VATICANA OU BIBLIOTECA DO PAPA – NÁPOLES E ARREDORES – SANTIAGO DE COMPOSTELA – Peregrinos ilustres – SANTIAGO DE COMPOSTELA (2) – Peregrinos – SANTIAGO DE COMPOSTELA (3) – Visita à Catedral – A CATEDRAL DE COMPOSTELA E O ROMâNICO DO ALTO MINHO – UMA PEREGRINAÇÃO A SANTIAGO NOS DIAS DE HOJE – UMA PEREGRINAÇÃO A FÁTIMA – PROBLEMÁTICAS DOS ARQUIVOS E BIBLIOTECAS – TEMAS DE REFLEXÃO – O Dia dos Namorados – ASSIS – Onde nasceu a Ecologia

Os Santos Padroeiros do Concelho de Caminha

Esta obra, escrita a propósito da exposição das imagens/esculturas dos santos padroeiros das diversas freguesias do concelho de Caminha, iniciativa levada a cabo pela Câmara Municipal da vila, patrocinada pela Secretaria de Estado da Cultura e pela Fundação Calouste Gulbenkian e enquadrada nas comemorações do sétimo centenário da outorga do Foral a Caminha, é basicamente composta por duas partes: uma extensa introdução e a apresentação dos oragos das freguesias do concelho.

Na introdução, Lourenço Alves historia todo o processo de formação das paróquias no noroeste peninsular, focando o papel desempenhado quer pelos bispos ou por quem estes delegavam tal poder, quer pelos presores, cavaleiros encarregados demandar cultivar e povoar as terras abandonadas pelos árabes, na formação ou restauração das paróquias.

Centra-se, seguidamente, no concelho de Caminha e na paróquia homónima, cuja fundação (contrariando todos aqueles que pretendem demonstrar a sua existência já na época de Teodomiro, pela menção no PAROCHIALE suevo à paróquia Camena, pertencente à diocese de Lamego), indica não ser anterior ao século X, já que só aparece mencionada com toda a certeza, nas Inquirições de 1258. Sobre as restantes paróquias do concelho, cuja fundação não foi simultânea, o autor refere os documentos e datas em que as mesmas aparecem nomeadas.

Entrando na origem dos oragos das igrejas paroquiais e catedrais, aponta o século VII como aquele a partir do qual cada uma estabeleceu um santo padroeiro, escolhendo preferencialmente, nos primórdios, o Divino Salvador, Santa Maria, os santos mártires e São Martinho de Tours.

Reportando-se ao concelho de Caminha, demonstra, com base na pesquisa realizada, a permanência dos mesmos padroeiros ao longo do tempo, embora, actualmente, alguns já não sejam os mais cultuados.

Menciona Santa Marinha como sendo a mártir que mais dúvidas levanta quanto à sua identificação, dado existirem três versões historiadas da sua vida, as quais são sumariamente relatadas.

Sobre a exposição que motivou a presente obra, o autor salienta a iniciativa e elogia e agradece aos organizadores.

Nas páginas seguintes, cada uma dedicada ao orago de cada uma das freguesias do concelho de Caminha, o leitor pode tomar conhecimento da hagiografia do mesmo, assim como da história da freguesia e da descrição arquitectónica e do recheio artístico da igreja paroquial.

Lourenço Alves apresenta as seguintes freguesias e seus padroeiros:

– Caminha – Senhora da Assunção;
– Seixas – São Pedro;
– Lanhelas – São Martinho;
– Vilar de Mouros – Santa Eulália;
– Argela – Santa Maria;
– Dém – São Gonçalo;
– Arga de São João – São João;
– Arga de Baixo – Santa Maria;
– Arga de Cima – Santo Antão;
– Azevedo – São Miguel;
– Venade – Santa Eulália;
– Vilarelho – Senhora da Encarnação;
– Cristelo – São Tiago;
– Moledo – São Paio;
– Gontinhães – Santa Marinha;
– Âncora – Santa Maria;
– Vile – São Sebastião;
– Varais (extinta) – São Pedro;
– Riba de Âncora – Santa Maria;
– Orbacém – Santa Eulália;
– Gondar – São Salvador.

O Património Cultural do Alto Minho (Civil e Eclesiástico) – Sua Defesa e Protecção

Esta separata da revista “Caminiana” número 14, de Dezembro de 1987, é preenchida com o artigo do Dr. Lourenço Alves sobre a defesa e protecção do património cultural do Alto Minho. Estruturalmente divide-se em três partes, uma primeira constituída pela apreciação das leis publicadas para defesa do património e atentados de que, desde sempre, foi alvo esse património; uma segunda demonstrando e comprovando o importantíssimo papel da Igreja em prol da promoção e da defesa da arte; uma terceira, que é um apêndice documental.

Assim, se no primeiro ponto o autor nos refere algumas leis estatais de protecção patrimonial, ao mesmo tempo que menciona as usurpações havidas desde o século XVIII ao património que era pertença da Igreja, por parte do Estado, no seguinte, anota os diferentes tipos de depredações a que todo o património cultural esteve e está sujeito, pese embora a existência de leis proteccionistas. Entre os casos mais flagrantes, salienta a célebre biblioteca de Alexandria, monumentos clássicos da Grécia e de Roma, entre outros. Dá ainda uma certa ênfase às mutilações que sofreram algumas construções pertencentes a determinado estilo arquitectónico, quando o mesmo foi substituído por outro, como foi o caso dos períodos maneirista e barroco, épocas em que muitas igrejas medievais foram derrubadas para serem reedificadas segundo a gramática dos novos estilos vigentes.

O assunto inicial é retomado no final do segundo ponto e desenvolvido nos seguintes, focando respectivamente a “Carta de Veneza”, a “Carta Europeia do Património Arquitectónico”, a “Lei do Património Cultural Português” e a “Concordata” bem como os princípios que cada qual preconiza para defesa e preservação do património cultural.

O autor faz questão de frisar que a abrangência da expressão “património cultural” não se esgota apenas no património arquitectónico; antes expande-se uma vasta gama de “objectos, realizações, conceitos, tradições, usos e práticas” que o homem criou a fim de “satisfazer as necessidades mais prementes” ou “desejos, preocupações e cuidados em ordem a uma vida equilibrada e sã”.

A segunda parte principia com uma visão diacrónica da evolução dos estilos artísticos que, se generalizada no que concerne à Europa, pormenoriza-se em alguns aspectos relativamente a Portugal e mais concretamente na sua aplicação às construções de cariz religioso: igrejas, capelas, mosteiros, conventos, com o intuito de demonstrar e comprovar o empenhamento da Igreja como uma das principais promotoras e defensoras da arte. É então evidenciado o papel da Igreja enquanto criadora não só de lugares de culto, como também de museus, arquivos, bibliotecas (locais de recolha do acervo documental e do espólio histórico e artístico) e comissões de inventariação, de protecção e de preservação desse mesmo património. São referidos alguns Papas e bispos com papel preponderante na defesa patrimonial, assim como o que em assuntos desta natureza ficou definido pelas diversas Concordatas.

Focalizando as diferentes comissões de Arte Sacra, o autor manifesta o seu pesar pela não existência de uma comissão mais centralizadora que coordene as diversas comissões diocesanas, terminando com a apresentação da fundação, organização e funcionamento da “Comissão de Arte Sacra de Viana do Castelo.”

O Apêndice documental, terceira parte, está repartido em três outros apêndices. O primeiro contém uma ficha/inquérito, muitíssimo pormenorizada, para a inventariação de todos os bens móveis e imóveis da Diocese de Viana do Castelo com interesse artístico e cultural; o segundo, uma outra ficha, agora para levantamento do acervo documental e literatura religiosa dos arquivos paroquiais da Diocese de Viana do Castelo; o terceiro é uma pequena síntese do historial dos monumentos nacionais do Alto Minho. Este terceiro apêndice encontra-se ilustrado com imagens de alguns dos monumentos historiados.

Do Gótico ao Manuelino no Alto Minho (Monumentos Civis e Militares)

A obra apresenta-se como uma separata da revista “Caminiana”, nº 12, de Dezembro de 1985.

De realçar a sua extensa introdução, que reproduzimos na íntegra e que contém uma visão descritiva e bastante pormenorizada sobre o conteúdo do estudo que se segue.

Este, por sua vez, está dividido em três partes, referenciando a primeira, os castelos e fortalezas do Alto Minho cujo estilo arquitectónico se enquadra na gramática do Gótico ou do Manuelino:

– Caminha;

– Vila Nova de Cerveira;

– Valença;

– Lapela;

– Monção;

– Melgaço;

– Castro Laboreiro;

– Lindoso;

– Ponte de Lima;

– Viana do Castelo;

– Castelos medievais desaparecidos: Fraião; Penha da Rainha; Santa Cruz; Nóbrega; Facha; Neiva; Viana.

A segunda parte é preenchida com as torres existentes ou que existiram na mesma região, subordinadas aos mesmos estilos:

– Torre da Silva;

– Torre de Aguiã;

– Torre de Quintela;

– Torre de Refojos;

– Torre de Curutelo;

– Torre de Bertiandos;

– Torre de Geraz;

– Outras Torres desaparecidas ou com vestígios pouco significativos.

Na terceira e última parte, são focados os solares:

– Solar dos Pitas;

– Casa da Torres de Lanhelas;

– Paço de Gilea:

– Palácio do Marquês de Ponte de Lima.

Num subtítulo denominado Viana Gótico-Manuelina, enquadram-se outras obras arquitectónicas, como sejam:

– Hospital Velho – Viana do Castelo;

– Casa da Câmara;

– Palácio da Carreira;

– Casa Costa Barros;

– Casa de João Velho;

– Casa de Melo Alvim;

– Casa dos Alpuim.

De cada construção tratada é traçado o seu historial e, sempre que possível, apresentada uma imagem fotográfica. Frequentemente, é também referido o seu enquadramento paisagístico e outros monumentos que a cercam.