Ernesto Sardinha

Paisanas (Canções do Meu Amado País)

APRESENTAÇÃO GERAL

O corpo da obra Paisanas (Canções do Meu Amado País) apresenta-se dividido em quatro partes temáticas:
Cidade e Termo – Viana; A Lenda do Rio Lima; Tricana; A Chinela; Enquanto é Tempo; Ou Sim…; Ó Tempora; Sobre a Areia; A Canção da Brigada do Minho
Murmúrios do Lima – Maria Luisa; Contemplação; Apartamento
De Boca para Fora – Lugar Comum; Soltos; Dia d’Anos; Concisa; Carta de Férias; Papelucho que Oiro Vale; Trocadilho; Verdade Velha; Timidez; O Laço; Ao Passar; Pontuação a Tempo; Trovas a uma Morena
Brisas do Mar – Dor de Cotovelo; O Leque de Baile; A Última Trova
Segue-se uma tradução para alemão do poema «Apartamento», sob o título «Trennung» por Willy Maass.

Fecha-se esta edição com uma secção intitulada Dos Jornais, na qual foram compilados vários comentários críticos sobre a obra, publicados em vários jornais no ano 1922.

LINHAS TEMÁTICAS

Em versos cheios de melodia que «…se lêem com agrado, pela simplicidade que deles dimana como a água cristalina de uma fonte…», Sardinha canta a graça e a gentil beleza da mulher do povo, da tricana vianesa (Tricana, A Chinela, Ó Tempora), cuja maneira típica de vestir, com o seu chaile e chinela de verniz – ilustrada na capa do livro – há muito se perdeu .

O tom irónico e leve com que retrata e critica aspectos da vida citadina, alia-se a descrições da terra e do seu povo «…fazendo em ligeiras líricas, verdadeiros quadros de mestre aguarelista…».

Meu Coração Caminheiro

No livro Meu Coração Caminheiro, o coração malicioso e inconstante que brincou com as «paisanas» ou as namorou sem propósitos de «bom fim», sofre já, sangra já, atingido pelo verdadeiro amor. Apresento, como exemplo, três poesias: Saudades (…) o excerto de um longo poema, Impossível Amor, pertencente à terceira e última parte do livro, intitulada Descendo a Encosta (só um ano depois, com este mesmo nome, apareceria a obra de Eugénio de Castro!). Tal como a primeira, surge colorida de transparentes tintas românticas (…) E, por fim, a terceira poesia, decerto a mais exemplar na estrutura pemática, na beleza das sínteses e, também, a mais liberta do molde naturalista. Chama-se Órbita Fatal e prova bem que o seu autor não é um mero aspirante a poeta, mas um poeta autêntico que merece ser salvo do esquecimento a que a fatalidade do Letes o votou (…)

António Manuel Couto Viana, Poetas Minhotos, Poetas do Minho

O Sr. Jesus – Monografia do Cristo da Infantaria de Viana

O corpo da obra O Sr. Jesus – Monografia do Cristo da Infantaria de Viana está dividido em três partes temáticas:

I. Luiz do Rêgo
II. O Senhor dos Quartéis
III. A Devoção

Segue-se um Anexo composto de sete notas intituladas: Nota I – A triste Praça; Nota II – A propósito de um letreiro; Nota IV – A inscrição malograda; Nota V – Principais efemérides do 3; Nota VI – A casa do Assento (Padaria Militar); Nota VII e última – Adenda

Ao longo da obra, o leitor é guiado, segundo o autor, numa «pequena digressão pela cidade e pelos tempos idos». Seguindo o trajecto desde a Praça da República, através da Rua General Luis do Rego até ao Quartel de Infantaria 3, o autor vai tecendo comentários sobre lugares e gentes vianenses da sua actualidade, confrontando-os com aspectos do seu passado.

A primeira parte do livro é dedicada ao «escorço da personalidade» do general Luis do Rego Barreto «a quem se consagrou esta rua de Viana», «…um dos oficiais portugueses de patente superior que comandaram tropas na Guerra Peninsular…”O bravo Luiz do Rêgo”… com esse mesmo atributo foi conhecido e apontado no transcurso dessa campanha…».

Na segunda parte do livro – O Senhor dos Quartéis – o autor faz a descrição do Cristo existente no quartel, justificando a sua designação (1) e levanta questões sobre a origem (2) da devoção como patrono da Infantaria de Viana, talvez iniciada aquando da Guerra Peninsular.

Na terceira parte do livro – A Devoção – descreve o seu testemunho de um culto à imagem – em tempos provavelmente organizado e suportado financeiramente (3) – que extravasava as paredes do quartel, estendendo-se à população circundante (4).

(1) ver excerto 1
(2) ver excertos 2 e 3
(3) ver excerto 4
(4) ver excerto 5

Marte Instruto

Marte instruto (Generalidades sobre a batalha antiga e a medieval e meios de acção nelas empregados) é o texto de uma conferência proferida nas «Festas Militares» de 1935 no Teatro Sá de Miranda de Viana do Castelo.

SUMÁRIO: Preâmbulo. De como de uma reminiscência escolar e de um soneto de um Poeta contemporâneo se engendra uma alegoria táctica. A choupana e a arma. O contacto. A ofensiva. O combate de encontro. O ataque de flanco e de revés. A defensiva. A pequena diferença… O que é o exército. Carácter ofensivo da batalha campal na era da arma branca. Referência aos cercos e à retirada. O objectivo final e os objectivos individuais. Os meios na idade do ferro. Canas (a.C. 216) O mago das batalhas. O local e o dispositivo. A manobra envolvente. Outros engenhos. Predomínio da cavalaria. As milícias concelhias. Pequena variante de armamento medieval sobre o antigo. Novas de Telesa (1212) A cruzada. Um rei não belicoso. O dispositivo. A solidez da infantaria portuguesa. O arranco. O milagre de Navas. Palavras de Herculano. Razões porque se pára aqui.

Um episódio local. A muralha da Vila de Viana-da-Foz-do-Lima. Um lugar selecto de Silva Campos. Um segrel contemporâneo: ao sabor da musa popular… Pelo Mestre de Avis! Nun’Álvares às portas da vila. O reforço de dentro. O desfecho. Levantando o guante.